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O lugar escol­hido para abri­gar o CoLAB foi um sobrado antigo, em uma área res­i­den­cial longe do bur­bur­inho de Botafogo, na rua Fer­nan­des Guimarães. Orig­i­nal­mente fun­cionava no local uma ofic­ina de motos, com uma grande aber­tura frontal, porta metálica de rolo e piso de cimento. Decidi­mos tomar par­tido disso, já que no brief­ing do cliente a ideia era ter um espaço que fosse a exten­são da rua, um ambi­ente trans­par­ente que via­bi­liza e incen­tiva a pro­dução arte­sanal, reme­tendo à ideia de um lab­o­ratório de exper­i­men­tações na garagem de casa”.

O sobrado possui três pavi­men­tos, que somam 140m², e teve seu pro­grama dis­tribuído da seguinte forma: no térreo, o atendi­mento ao público, com salão e bar; no primeiro pavi­mento, as ativi­dades mais pri­vadas, como a coz­inha colab­o­ra­tiva, o estoque/​logística e os escritórios; e por fim, no segundo pavi­mento, a micro-cerve­jaria arte­sanal.

O espaço interno é pro­fundo e estre­ito, decidi­mos então manter a entrada prin­ci­pal e demolir os vãos lat­erais, per­mitindo uma melhor inte­gração com a área externa, que também dá acesso ao ban­heiro e à escada que conecta os outros pavi­men­tos. A entrada lat­eral exis­tente deu lugar a uma parede de blocos de con­creto vaza­dos, aumen­tando a comu­ni­cação visual externa/​interna e pos­si­bil­i­tando uma melhor dis­posição do mobil­iário. Na fachada, a pin­tura azul royal ganhou nova roupagem, agora metade cinza, metade branca.

No pavi­mento térreo, o forro do teto foi reti­rado, deixando as vigas de madeira aparentes. Porém seu pequeno recorte orig­i­nal foi man­tido, dando origem a um mon­tacarga manual, que através de um sis­tema de roldana, corda e gancho, desloca os pro­du­tos para o primeiro pavi­mento de forma rápida e prática. Nesse local, a parede foi descas­cada, deixando os tijo­los aparentes, e também foram insta­l­adas uma série de lâm­padas tubu­lares que fazem alusão à uma escada que conecta os dois andares — e suas respec­ti­vas funções — pro­dução e estoque.

O mobil­iário foi desen­hado para aten­der o layout do espaço e suas diver­sas ocu­pações. As mesas têm sua estru­tura em ferro e tampo com cerâmi­cas bran­cas e verdes, que num pequeno mosaico, desen­ham a iden­ti­dade visual do CoLAB. No centro do salão, três unidades se unem para formar uma grande mesa cole­tiva, agre­gando descon­heci­dos e incen­ti­vando a inte­gração do público. Para com­ple­men­tar, bal­cões altos no estilo bar” e mesas retráteis, que podem ter alturas vari­adas, flex­i­bi­lizando sua ocu­pação. Estantes com cre­mal­heiras no bar para abri­gar gar­rafas, cafés e seus uten­sílios, e também no salão, como vit­rine dos pro­du­tos arte­sanais locais. 

Traduz­i­mos a abor­dagem escan­di­nava do cardá­pio (fika menu) em uma ocu­pação casual, através de mate­ri­ais min­i­mal­is­tas como o azulejo, o pinus e o cimento. Cactos e sucu­len­tas também fazem parte do con­ceito do espaço, que além de deman­dar pouca manutenção, res­gatam o clima nórdico. A lin­guagem indus­trial de pro­dução também está pre­sente, seja por meio da exposição dos tonéis de cerveja até a seleção das luminárias e suas tubu­lações e insta­lações aparentes.

Ficha Técnica

Fotos: Samuel Antonini
Iden­ti­dade Visual: Apar­elho Estú­dio
Ilus­tração: Ana Clara Pel­le­grino

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